sábado, 21 de agosto de 2010
Simplesmente Ser
Quisera ser simples, natural e pura,
como a água limpa da fonte,
que ainda não se poluiu.
Quisera ser meiga e delicada,
como as pétalas de uma rosa,
cujos espinhos não a machucam.
Quisera ser como o vento que voa livre,
desenhando o seu espaço,
fazendo seu próprio caminho.
Quisera ter mãos de fada,
para desenhar o meu destino.
Quisera amar-te, ser tua rainha
e, nos teus beijos de fogo,
deixar aquecer o coração.
Quisera descobrir o sentido da vida.
E ao longo do caminho
seguir livre... amando simplesmente.
Estela (1991)
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domingo, 1 de agosto de 2010
Modinha
Quando eu fico aguda de saudade eu viro só ouvido.
Encosto ele no ar, na terra, no canto das paredes,
pra escutar nefando.
Um homem que já morreu cantava “a flor mimosa
desbotar não pode, nem mesmo o tempo
de um poder nefando” – mais dolorido canta
quem não é cantor.
A alma dele zoando de tão grave, tocável
como o ar de sua garganta vibrando.
No juízo final, se Deus permitisse,
eu acordava um morto com este canto,
mas que o anjo com sua trombeta.
Adélia Prado
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