
Ficamos assim:
você joga as queixas do telhado,
eu ponho as manias de lado;
você lava a escadaria,
eu rego o jardim.
Podemos varrer juntos
as nódoas secas aderentes ao passado.
Se você se habilita, eu me disponho,
num desafio à desdita.
Você acende a luz,
eu desempeno o sonho;
enquanto você ensaia o passo,
eu troco a fita.
Na mesa torta, a toalha colorida.
O resto é fácil:
basta mandar flores ao futuro,
derrubar o muro e acreditar na vida.
Flora Figueiredo
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