Seguidores da Poesia

Uma pessoa deveria, pelo menos todos os dias, ouvir uma pequena canção, ler um bom poema, ver uma bela imagem e, se possível, dizer umas poucas palavras sensatas. (Goethe)

domingo, 14 de abril de 2013

As fitas da vida


“- Pois veneziana é verde como o céu é azul. É da natureza dela...”

Monteiro Lobato (As fitas da vida) 1920

terça-feira, 12 de março de 2013

Natureza




É preciso desformar o mundo: Tirar da natureza as naturalidades

Manoel de Barros

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sábado, 8 de dezembro de 2012

Chovem duas chuvas




Chovem duas chuvas:
de água e de jasmins
por estes jardins
de flores e de nuvens.

Sobem dois perfumes
por estes jardins:
de terra e jasmins,
de flores e chuvas.

E os jasmins são chuvas
e as chuvas, jasmins,
por estes jardins
de perfume e nuvens


Cecília Meireles 


quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Flora



Flora era como madrugada.
Trazia no corpo a cor da noite somada
ao brilho do dia.
Era ônix molhado com a claridade do sol.
Sua maneira de viver era estar entre
o plantio e a colheita.
Passava os dias escutando o sol,
entre nuvens, para nas noites dialogar
com a lua, entre estrelas.
E para melhor escutar, Flora
restava sempre o silêncio.
Assim sendo, Flora era medianeira
entre a permanência e o mistério.

Bartolomeu Campos de Queiroz

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Ainda estavam verdes as estrelas



Ainda estavam verdes as estrelas
quando eles vinham
com seus rorejados de lábios.
Os passarinhos se molhavam de
vermelho na manhã
e subiam por detrás de casa para me
espiarem pelo vidro.
Minha casa era caminho de um vento
comprido comprido que ia até no fim do mundo.
O vento corria por dentro do mundo
corria lobinhando – ninguém
não via ele
com sua cara de alma. 

Manoel de Barros

domingo, 9 de setembro de 2012

Sonhos



Somos eternos frutos de nossos sonhos.

Nilton Maia

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quinta-feira, 5 de abril de 2012

Adágio de Mendelssohn

E como eu tivesse que sair do escritório
e o rádio tocasse o adágio do Concerto para Violino de Mendelssohn
decidi deixar ligado o aparelho
embora ninguém estivesse ali para apreciar o que se ouvia.

Deixei os livros, o computador, os objetos na estante,
/as canetas, grampeadores, tesoura, folhas de papel em branco,
deixei tudo entregue
à responsabilidade musical de Mendelssohn.

Quando voltei daí a dez minutos
todos os objetos, absolutamente todos,
olhavam-me agradecidos
e até na paisagem da janela
havia uma densa, muda e imponderável melodia.

Affonso Romano de Sant'Anna