quarta-feira, 30 de junho de 2010
Brisa
Vamos viver no Nordeste, Amarina.
Deixarei aqui meus amigos, meus livros, minhas riquezas, minha vergonha.
Deixarás aqui tua filha, tua avó, teu marido, teu amante.
Aqui faz muito calor.
No Nordeste faz calor também.
Mas lá tem brisa.
Vamos viver de brisa, Amarina.
Manuel Bandeira
sexta-feira, 25 de junho de 2010
sexta-feira, 18 de junho de 2010
Aprendamos o rito
Põe na mesa a toalha adamascada,
Traz as rosas mais frescas do jardim,
Deita o vinho no copo, corta o pão,
Com a faca de prata e de marfim.
Alguém se veio sentar à tua mesa,
Alguém a quem não vês, mas que pressentes.
Cruza as mãos no regaço, não perguntes:
Nas perguntas que fazes é que mentes.
Prova depois o vinho, come o pão,
Rasga a palma da mão no caule agudo,
Leva as rosas à fronte, cobre os olhos,
Cumpriste o ritual e sabes tudo.
In Os Poemas Possíveis, Editorial Caminho, 3.ª ed., p. 81
José Saramago
Rosas: James Guilliam
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terça-feira, 1 de junho de 2010
Quando cai a chuva
Vou encher a mala
Já enchi a mala e vou partir para o horizonte
E encontrar-me contigo onde o vento me deixar
Depois de acabar o tédio, o pesadelo e a frustração
E de não mais me vergar mais que à vida
De não mais me importar com as tentações
Com a indiferença, as incertezas, as preocupações
Nem sequer com a rima e a elegância destes versos
Alberto Quadros
http://sonhoscomsorte.blogspot.com
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